O que aprendi sobre disciplina com Amyr Klink

Não faltam façanhas incríveis no currículo de Amyr Klink. O livro Cem Dias entre Céu e Mar que li quando ainda jovem, foi apenas o começo. Depois desta primeira obra onde ele conta como atravessou o Atlântico da África ao Brasil num barco a remo, ele já deu a volta ao mundo, foi mais de 40 vezes para Antártida, sendo que numa delas ficou seis meses com seu barco atracado no gelo antártico até o inverno passar (calma, isso foi planejado).

Neste post gostaria de relatar insights valiosos sobre disciplina que tirei  do livro “Não Há Tempo a Perder” que além de muito inspirador, ele é um bate papo com o Amyr.

Por várias vezes me senti como se estivesse tomando um vinho com ele e ouvindo suas histórias.

Ele conta sobre sua infância, sobre os amigos e tudo isso costurado como muita superação de obstáculos e projetos grandiosos que ele realizou.

Para quem quer aprender a tirar os planos do papel, cada capítulo oferece lições valiosas.

Amyr nunca fala o que você tem que fazer, apenas te conta como ele faz, e de maneira simples e prática.

Abaixo relacionei 10 trechos inspiradores relacionados ao assunto tema deste blog a disciplina :

1-TIRE SEU BARCO DO ESTALEIRO – Em suas palavras: “Conheço muita gente que passa a vida inteira construindo um barco, que jamais vai considerar perfeito para a viagem – o que pode ser uma boa desculpa para eterna busca do momento certo. A parte mais importante do projeto é quando ele sai do papel e alcança o mundo real”.

2- O PERIGO DA ACOMODAÇÃO – “A busca por segurança total é uma ficção, assim como a liberdade sem limites nos engana. Podemos nos considerar seguros e confortáveis, vendo televisão no sofá, postando fotos no Facebook, adiando decisões importantes só por mais um dia, mais uma hora, sem plena consciência do risco. O tempo escorrendo.”

3- APAIXONE-SE PELO PROCESSO – “Eu gosto de projetos ousados e é difícil explicar porque eles demoram tanto tempo para acontecer. Eles não envolvem apenas pessoas, mas o esforço dessas pessoas durante muito tempo para acontecer. É um desafio matemático, mecânico, humano. O grande motivador é o processo.”

4- O RISCO DO DESPERDÍCIO NA ABUNDANCIA – A abundância de recursos pode ser perigosa para um projeto.
“Nos três primeiros meses, pelo fato de já ter encerrado a parte mais difícil do planejamento e execução, de ter me instalado na Antártica e desfrutar de toda a abundância de recursos, não fiz o controle minucioso de tudo que consumia. Não tomei o devido cuidado e , quando fiz o primeiro balanço de combustível, tive um choque. Eu estava gastando mais de dez vezes do que o previsto, e por coisas aparentemente sem importância!”

5 – A CORAGEM É PERSEVERAR – “A coragem necessária não era para atravessar o Atlântico, mas perseverar todos os dias” – sobre a sua travessia da África ao Brasil a bordo do barco a remo Paraty.

6 -O TREINO MENTAL DIANTE DO MEDO – Numa crise diante de um fato pontual, quando aparece um problema a bordo e temos apenas 25 horas para resolver, por exemplo, costumo ficar mais divertido para enxergar o que acontece, não fico apavorado. Nessa horas criticas, gosto de fazer troça do destino, da situação. É o jeito de acalmar. Fico mil vezes mais engraçado num momento de tensão. Nessa hora eu não vou desistir. Vou inventar um jeito de escapar, de inventar uma solução.”

7 – A DETERMINAÇÃO COM PAIXÃO “Tenho um vínculo radical com algumas decisões que tomo, mergulho nelas. Lá no fundo sei que vou me empenhar inteiro, o tempo que for, até fazer. Se tiver que morrer no caminho, paciência, é outro problema. Decidi me dedicar seriamente ao projeto da travessia, mas não como uma cega obstinação. De forma apaixonada, mas examinando detalhes de forma meticulosa, como um aplicado contador apura todos os itens envolvidos para apurar um balanço.

8 – A IMPORTÂNCIA DA ROTINA – “A aparente liberdade em relação ao tempo tembém me pregou uma surpresa quando fiz a travessia a remo, aos 29 anos de idade. Naquele primeiro mês, depois de ter pelas capotagens da África, me senti aliviado. Pensava que podia ficar remando sem parar, durante doze horas, por exemplo, e no dia seguinte não fazer nada ou o que sentisse vontade. Só que o trabalho não rendia.
Quando resolvi adotar uma “legislação trabalhista”, em que passei a ser o profissional do meu próprio projeto, consegui avançar. Aprendi a ter apreço pela rotina – a palavra é ruim, mas faz parte da natureza do ser humano.”

9 – O ESTÍMULO DA PRESSÃO – “A pressão é um estímulo. Muita gente me pergunta: “Por que você toma tanto cuidado?” Porque tenho medo de morrer atracado com o barco. “Por que você fica seis horas estendendo os cabos de atracação?” Porque ao invés de passar o mesmo tempo na esteira da academia de ginástica eu prefiro ficar seis horas puxando o cabo – para poder abrir um vinho a noite, que é o eu quero fazer, com toda a tranquilidade. Tudo que eu quero é abrir uma garrafa de vinho e não ter que sair correndo do barco, de noite, porque o mau tempo nos pegou de surpresa.”

10 – LIDERAR É CEDER  – Abrir mão da convicção pessoal em nome da harmonia do grupo pode ser vital, sobretudo quando o líder antecipa que a instabilidade coletiva pode aniquilar o projeto. No mundo do mar, o mais clássico dos exemplos é o do Irlandês Ernest Shackelton, herói de uma saga de resistência. O comandante do Endurance soube associar a autoridade no comando com o convívio amigável entre seus homens e assim conseguiu salvar a vida de toda a tripulação em condições inacreditavelmente adversas..”