Crises de Pânico e Depressão: caminhos para a superação

A crise do pânico e a ansiedade tem crescido de forma alarmante nos últimos anos, afetando uma em cada oito pessoas globalmente. Ansiedade e depressão destacam-se como os mais comuns, representando cerca de 60% dos casos.

Os jovens enfrentam um risco particular de ansiedade, enquanto os idosos são mais propensos à depressão, conforme revela o último Relatório sobre Saúde Mental no Mundo, divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Neste post fizemos um resumo do livro “Reasons to Stay Alive” (Razões Para Continuar Vivo) que conta a história da luta de Matt Haig contra a depressão e a ansiedade, que eram tão graves que ele tinha ataques de pânico constantes e temia sair de casa.

O post revela como Haig aprendeu a canalizar sua intensidade natural na criação de arte e desenvolveu algumas técnicas incomuns para aliviar sua mente angustiada que ajudaram milhões de pessoas que leram seu livro.

Desvendando a ansiedade

Matt Haig viu sua vida virar de cabeça para baixo quando a ansiedade intensa tomou conta. Em um momento ensolarado em Ibiza, um ataque de pânico o deixou paralisado na cama, incapaz de enfrentar o mundo. O desespero o assolou, levando-o ao limite do pensamento suicida.

Com o apoio de sua namorada e a intervenção médica, ele retornou ao Reino Unido, mas sua batalha estava longe de terminar. Mesmo tarefas simples se transformaram em provações assustadoras, onde a ansiedade o envolvia em um turbilhão de medo constante.

No livro, Haig compartilha corajosamente sua jornada, revelando os desafios devastadores da ansiedade e da depressão, oferecendo um vislumbre íntimo da luta pela sobrevivência mental.

Sinais de Alerta

Em meio ao turbilhão da sua crise de pânico, Matt Haig reflete sobre os sinais sutis que precederam sua queda. A ansiedade começou como uma sombra em sua infância, intensificando-se ao longo dos anos.

Desde os tenros anos, a separação de seus pais desencadeava temores angustiantes. Na adolescência, eventos simples como excursões escolares desencadeavam ataques de pânico perturbadores. Mesmo na universidade, o terror da exposição pública o assombrava.

Haig tentava ignorar esses sinais, mascarando sua angústia com álcool e reprimindo suas emoções para se encaixar. No entanto, esses sinais eram precursores de um colapso iminente.

A história de Haig nos lembra da importância de reconhecer e abordar os sinais de alerta precoce em nossa própria jornada mental ao longo da vida.

Além da Pílula Mágica

Enquanto a ciência moderna conquista feitos impressionantes na cura de doenças, a depressão e a ansiedade permanecem enigmáticas. A busca por respostas se depara com teorias conflitantes, desde desequilíbrios químicos cerebrais até disfunções neurais.

A crença anterior em uma “pílula mágica” para corrigir esses distúrbios é desafiada pela realidade de que cada indivíduo responde de forma única à medicação. Além disso, a interação complexa entre o cérebro e o ambiente social desafia a visão simplista da causa da depressão.

Os sintomas físicos intensos de Haig destacam a interconexão entre mente e corpo, sublinhando a complexidade dessa condição.

Aceitar essa complexidade é o primeiro passo para encontrar ferramentas personalizadas de enfrentamento, além da busca por soluções únicas e simplistas.

O Isolamento social na depressão

Enquanto uma perna quebrada é visível e causa empatia e apoio imediato de quem observa, a depressão e a ansiedade permanecem invisíveis, obscurecendo o sofrimento que acontece por dentro.

Matt Haig enfrentou o isolamento social mais profundo em seus momentos mais sombrios, quando até o apoio paterno se traduzia em expectativas irrealistas de “se recompor”.

Esta pressão para esconder a dor é acontece principalmente entre os homens, que enfrentam uma estigmatização ainda maior ao falar sobre saúde mental.

As estatísticas sombrias de suicídio entre os homens destacam a urgência de normalizar a conversa sobre depressão e ansiedade, reconhecendo que o apoio e a compreensão são cruciais para romper o ciclo de isolamento e desespero.

A superação do estigma começa com a aceitação de que a saúde mental é parte integrante da condição humana, merecendo cuidado e compaixão, sem julgamento ou vergonha.

O Poder dos Livros

Como descrever uma experiência incompreensível para os outros? Matt Haig enfrentou esse desafio após seu colapso emocional, lutando para articular sua dor e angústia.

Ele se via completamente incapaz de expressar seus sentimentos para familiares e amigos. Sua visão de mundo era tão diferente da dele que era como – para usar as palavras do autor – “tentar descrever a terra para alienígenas”.Uma imagem contendo pessoa, cena, palco, jovem Descrição gerada automaticamente

Os livros se tornaram sua âncora, oferecendo uma linguagem que ele não conseguia encontrar por si mesmo. Em personagens como Holden Caulfield do flime O Rebelde no Campo de Centeio e o protagonista de Albert Camus no filme O Estrangeiro, Haig encontrou uma conexão emocional que o fez sentir menos isolado em sua dor.

A peculiaridade da linguagem literária ofereceu uma maneira única de dar sentido às suas próprias experiências, permitindo-lhe expressar o inexprimível.

Além disso, os livros emprestaram um sentido de propósito em meio ao vazio, oferecendo vislumbres de vidas emocionantes e cheias de ação quando a sua própria parecia desprovida de direção.

A jornada de Haig destaca o poder transformador da literatura como um guia para encontrar esperança e compreensão, mesmo nos momentos mais sombrios.

Enfrentando os Medos

Após meses de angústia, Matt Haig encontrou momentos fugazes de calma – pequenos sinais de esperança em sua jornada de recuperação. No entanto, esses momentos de tranquilidade eram interrompidos por pensamentos sombrios de que sua mente estava se perdendo para a depressão e ansiedade.

Haig enfrentou a “meta ansiedade”, o medo de estar preocupado, que o mantinha preso em um ciclo implacável de ansiedade.

No entanto, ele decidiu enfrentar seus medos, desafiando-se a sair da sua zona de conforto. Uma viagem a Paris, temida e impulsionada pela ideia de ser “louco” se não fosse, revelou-se um marco em sua recuperação.

Embora enfrentasse ansiedade, Haig descobriu que era mais resiliente do que imaginava, confrontando a falsa narrativa que sua mente ansiosa e depressiva lhe impusera.

Sua jornada nos lembra que, ao enfrentar nossos medos mais profundos, podemos descobrir nossa verdadeira força e resiliência.

Uma Janela para a Empatia

Surpreendentemente, a depressão e a ansiedade podem moldar uma perspectiva perceptiva e empática. Personalidades notáveis como Abraham Lincoln e Winston Churchill enfrentaram batalhas internas enquanto conquistavam feitos monumentais.

Ambos eram formidavelmente ambiciosos e tiveram carreiras impressionantes. Eles também passaram grande parte de suas vidas se sentindo ansiosos e deprimidos.

Sua profunda empatia e perspicácia podem, de fato, ter sido alimentadas por suas próprias lutas emocionais.

A experiência da depressão proporciona uma percepção aguda da dor humana, impulsionando a sensibilidade de Lincoln contra a injustiça da escravidão e a perspicácia de Churchill contra a ameaça do nazismo.

Essa sensibilidade não é exclusiva de líderes políticos; escritores renomados e artistas como Edvard Munch também encontraram inspiração em suas lutas emocionais.

Para Matt Haig, sua jornada o levou a abraçar sua sensibilidade, descobrindo uma profundidade emocional que o tornou mais consciente e grato pela vida.

Enquanto a depressão e a ansiedade o confrontaram com o negativo, também o capacitaram a saborear intensamente as alegrias simples da vida.

Essa sensibilidade o mantém conectado com suas emoções, tornando cada experiência uma jornada significativa, livre de garantias.

A Jornada não linear da recuperação da depressão

A estrada para a recuperação da depressão é cheia de curvas imprevisíveis. Haig aprendeu ao longo de 14 anos que o progresso não segue uma linha reta. Ele abraçou a compreensão de que a vida terá altos e baixos, e que nem sempre se sentirá bem. Em vez de buscar uma cura instantânea, ele adotou práticas diárias que o ajudam a enfrentar os desafios.

Haig descobriu o valor de cuidar de seu corpo, encontrando alívio na corrida diária e no equilíbrio proporcionado pelo yoga e meditação. Reduziu o tempo nas redes sociais em favor de conexões reais com entes queridos. Sua paixão pela leitura e viagens oferece uma fuga bem-vinda de sua própria mente.

Mais importante ainda, ele aprendeu a ser gentil consigo mesmo, celebrando cada pequena vitória ao longo do caminho.

Embora a recuperação total possa parecer inatingível, Haig descobriu estratégias para tornar a convivência com a depressão mais tolerável, encontrando inúmeras motivações para perseverar.

Sobre o autor do livro

Matt Haig é o autor das aclamados livros “Reasons to Stay Alive” e “Notes on a Nervous Planet”. Ele também é autor de seis romances de sucesso para adultos, incluindo “How to Stop Time”, “The Humans” e “The Radleys”. Ele já vendeu mais de um milhão de livros no Reino Unido, e seu trabalho foi traduzido para mais de 40 idiomas.